Eu não sou bom

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Eu não sou bom

Muitas vezes eu já disse: “Não sou bom” ou “Não sou bom nisso” e muitas vezes já ouvi isso de muitas outras pessoas. Em boa parte das vezes, esses comentários foram autodepreciativos, mas na maioria das vezes foram, na verdade, solicitações de afirmação ou um desejo velado de elogios (“Oh, Fulano, você é muito bom ou você é sim muito bom nisso…” ou “Você não é nada disso que tá falando…”).

Se o apóstolo Paulo pudesse me ouvir dizer: “Não sou bom”, suspeito que ele responderia rapidamente: “Amém!” E, na verdade, ele completaria: “você subestimou significativamente o quão ruim você é.” Paulo não era amigo do movimento da auto-ajuda. Ele era um defensor do movimento da desglorificação, o que é condição fundamental para a glorificação de Cristo. Sem desglorificação pessoal ninguém poderá glorificar de fato ao Senhor. Ele queria obliterar qualquer pretensão de autossuficiência e justiça própria. Nosso mundo é farto dessas coisas para a alegria do Diabo.

Então, em Romanos 7:18, ao considerar sua luta atual contra o pecado, ele diz: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum…” Quando Paulo considerou sua própria busca pela justiça e sua própria habilidade espiritual, ele disse, “não há nada de bom em mim”. Sua declaração em Rm 7:18 é muito mais uma síntese de sua declaração expandida sobre a depravação do homem em Rm 3:10-18. Não há ninguém que seja justo por si mesmo. Ninguém é justo e ninguém deseja o bem e ninguém busca o bem por conta própria.

Mas a frase-chave em 7:18 é “na minha carne”. Essa frase aponta para seu próprio trabalho, seu próprio esforço, e sua própria busca da justiça à parte de Deus e à parte de Cristo. Essa frase é importante porque é um lembrete de que com Cristo, há muito, mas muito do que é bom no crente. A bondade não é sua e não é obra sua, mas é bondade, de fato. O que é bom no crente?

A justiça de Cristo está em nós. Fomos imputados pela justiça de Cristo e declarados justos. Deus nos trata como se fôssemos tão justos quanto Cristo. Esta é a ênfase de Rm 5:12 – 6:23: temos o dom da justiça de Cristo (5:15); temos a vida que vem da justificação (5:18); estamos sendo e seremos feitos justos (5:19); somos recipientes de graça transbordante (5:20-21); estamos totalmente identificados com Cristo e Sua vida (6:3-5); nosso corpo de pecado foi eliminado (6:6). Se somos crentes em Cristo, temos a justiça de Cristo em nós. Essa é a nossa estima, não uma auto-estima, mas uma Cristo-estima!

E tem mais! O Espírito Santo de Cristo e de Deus habita em nós (Jo 14:17; Rm 8:9, 11; 1 Jo 4:12). E Ele está produzindo Seu fruto (Gl 5:22-23), a implantação do caráter de Cristo em nós, está dando Seus dons (Rm 12: 3ss), distribuindo a cada um habilidades do nosso Senhor, e convencendo, conduzindo e dirigindo (Jo 16: 8-11) aqueles que Ele habita. Isso é estima teoreferente. Nosso maior e verdadeiro valor!

E tem mais, muito mais. Temos Santidade, chamada de “lei do Espírito da vida em Cristo Jesus” está em nós (6:13, 17; 7: 6, 22, 25). Não, o crente não é completamente justo ou totalmente maduro, mas está crescendo em santidade e fazendo coisas que agradam a Deus (2 Co 5:9). O desejo de ser santo é fruto de um coração transformado que agora está em nós (Ez 36:26; Lc 22:20). O crente faz o bem porque deseja fazer o bem. Ele tem uma nova inclinação e um novo desejo de fazer o bem dentro dele (Rm 7:22a).

O que mais Pastor? Nessa grande transformação passamos a ter uma “boa consciência” (1 Tm 1:5, 19; 1 Pe 3:16, 21). Sim, todos os homens têm consciência (Rm 2:14-15), mas a consciência do crente foi limpa e está sendo treinada para que cada vez mais e abertamente faça coisas que estão em submissão à Palavra de Deus.

Não terminamos meus irmãos! O resumo disso tudo é que somos uma nova criação em Cristo (2 Co 5:17), uma criação que pode agradar a Deus (Rm 5:9; Cl 1:10). O velho homem interior se foi, substituído pelo novo homem interior (Rm 7:22). Aleluia!

Por tudo isso, e nenhuma outra coisa, temos a capacidade de fazer o bem aos outros (Gl 6:10; Ef 4:28), porque Deus nos criou para as boas obras (Ef 2:10; Fp 1:6) que somente podem ser feitas em Cristo. E essa capacidade de fazer o bem nEle vem das Escrituras, que está em nós e nos refaz a cada manifestação de graça nos tornando capazes para a prática da Lei da Bondade (2 Tm 3:17).

Seus corações já estão agitados de alegria com estas coisas? Espero que sim. Mas tem mais: talvez o mais significativo, as boas novas do evangelho estão em nós (Rm 10:15; 2 Co 4:7). Deus não só nos deu o evangelho para a transformação de nossa própria vida, mas Ele colocou esse evangelho transformador em nós como nosso ministério – somos ministros (servos) do evangelho, dando esse evangelho para aqueles que não crêem para que eles possam ser reconciliados com Deus, que os responsabilizará por seus pecados se rejeitaram a Cristo.

Portanto irmãos, de fato “não somos bons”, porque não somos bons em nós mesmos. Não temos capacidade para fabricar bondade ou produzir justiça por nós mesmos. Mas há bondade no homem que foi declarado justo pela fé em Cristo (uma bondade estranha e não inerente, mas uma bondade, no entanto, e de fato).

Portanto, se você é um crente em Cristo, não, você não é bom e não tem bondade em sua carne e quando opera pela carne; mas em Cristo, há muita bondade em você e sendo trabalhada através de você. Como Paulo diz em outro lugar, “Graças a Deus por Seu indescritível dom” de Cristo.

Que Cristo encha sua semana de graça e glória, de atos da verdadeira bondade, que somente vem dEle. Testemunhem a bondade do nosso Salvador, o proclamem vivendo e anunciando suas virtudes em suas casas, entre amigos, nas ruas, na redes sociais, em todo lugar e todo tempo. Boa semana a todos meus amados irmãos e irmãs.

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